Não há como entenderemos o mundo sem primeiro detecta-los através de nossos sentidos. Os sentidos alimentam nosso cérebro com pequenos dados que formam uma espécie de grande quebra cabeça. Quando são recolhidas informações suficientes "o cérebro diz: Vaca. Eu vejo uma vaca.". Esse pensamento faz parte do livro The Natural History of the Senses da poeta, escritora e naturalista Diane Ackerman e nos ajuda muito a começar a pensar e entender que sem os sentidos não existe o design.
O designer como pesquisador e projetista sabe que seu trabalho não diz respeito ao "produto" e sim a reação, ao efeito e ao impacto que a mesma causa. Os serviços e produtos nos causam emoções que estão diretamente ligadas aos sentidos.
A visão é o sentido que as pessoas mais relacionam ao design, talvez pela area de design gráfico e pelo design ter uma preocupação com estética, porém, o som, o toque e o odor são sensores equivalentes a visão na hora de se relacionar com um "produto" e se emocionar.
O olfato está altamente ligado com a nossa memória e apenas de longo prazo. Sentimentos nostálgicos são muito comuns por meio do olfato. Os odores são muito significantes na hora de avaliarmos as coisas e pessoas.
O tato nos norteia e mostra a profundidade e o contorno da vida, nos dá a noção de tridimensionalidade e nos instiga muito sobre a textura.
O paladar e a audição são sentidos bem sociáveis, onde a música e a comida estão altamente relacionadas as nossas relações, com jantares de negócios, de família, festas e sociais. Em todas as culturas a comida está associada a comemorações e passagens importantes. Os sons são essenciais para nos comunicar, interpretar e expressar o mundo.
Com essa visão geral dos sentidos fica muito mais fácil percebermos que na verdade todos esses sentidos já são usados e explorados por vários objetos presentes no dia a dia que foram projetados por designers. Como exemplo para o olfato temos: Técnicas e estratégias bizarras para atrair consumidores como Shoppings que adicionam aromas de comida na tubulação para atrair as pessoas a praça de alimentação, revendedoras de carros que usam spray para dar a sensação e o cheiro de se estar dirigindo um carro novo, produtos que utilizam de cheiros específicos como as sandálias Melissa, entre outras técnicas.
O tato tem um importante papel na hora de dormir com a textura dos cobertores, do conforto das roupas, tapetes etc. Outro exemplo interessante que envolve o tato e o olfato são os cinemas 4d, onde utilizam justamente desses sentidos para trazer uma maior imersão a experiência cinematográfica, borrifando agua quando está chovendo, ou vento quando esta ventando e trazendo à tona odores diferentes para complementar o filme.
O paladar e a audição também estão cada vez mais presentes, temos o design de alimentos e agora, vem surgindo uma nova ideia de alimentação, dos alimentos projetados, como impressos em 3d. Ja na audição, uma tecnologia que tem mudado muito nossas relações com a música e o som são os fones de ouvido, cada vez menores e mais viciantes, as vezes nos distanciam da realidade, por justamente minimizar o sentido que é a audição em relação ao mundo e os acontecimentos a nossa volta.
São muitos os "produtos" que utilizam dos nossos sentidos para atrairem ou causarem um impacto em relaçao ao usuário. Muitas vezes nem percebemos essa relação porem hoje ela ja é pensada e utilizada por designers mundo a fora.
Referencia:
TANNENBAUM, Frederico Szmukler. DESIGN PARA OS SENTIDOS. DESIGN PARA OS SENTIDOS, PUC-Rio, 201-. Disponível em: https://www.puc-rio.br/pibic/relatorio_resumo2011/Relatorios/CTCH/DAD/DAD-Frederico%20Szmukler%20Tannenbaum.pdf. Acesso em: 18 ago. 2019.
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