Reflexões sobre o Cap. 5 do texto ``21 lições para o século 21`` de Yuval Noah Harari
No capitulo 5 do livro ``21 lições para o século 21`` Harari analisa os efeitos das redes sociais, mais especificamente do Facebook, nos dias atuais. Nas nossas relações sociais e nas mudanças culturais que estão sendo geradas com o uso desenfreado dessas redes.
Para começar essa analise, o autor nos relembra de promessas publicas feitas pelo criador do Facebook, Mark Zuckerberg que diziam que o mundo vive uma grande crise de polarização, com pessoas e comunidades cada vez mais desconectadas e que o Facebook seria essa nova ferramenta que atenderia a esse impasse. Por meio de ferramentas e de tecnologias de inteligência artificial, grupos e comunidades serias recomendado para as pessoas e isso faria um mundo mais global e unido.
Alguns meses depois desse depoimento vazou o escândalo de compartilhamento de dados com a empresa Cambridge Analytica e as promessas e credibilidade da rede social foram por agua abaixo, com razão, afinal, como uma empresa que não assegura nem a privacidade das suas informações e as vende para fins políticos e financeiros, ira estabelecer uma maior união comunitária com o mundo todo ?
Apos esses questionamentos Harari começa a evidenciar efeitos que o advento da tecnologia tem causado em relação aos nossos corpos e as relações sócias a nossa volta.
Humanos sempre viveram em pequenas comunidades e ainda vivemos. Temos nosso grupo de amigos que podemos nos expressar e compartilhar intimidades, e esse grupo nada tem a ver com os seus 2000 amigos do Facebook. Apesar de ainda termos essas bolhas e pequenas comunidades, aos poucos as mesmas estão se desintegrando, substituídas por comunidades imaginarias, grupos de WhatsApp, seus amigos de movimentos políticos e do Facebook são exemplos de comunidades imaginarias.
A intimidade de um vale mais que a `amizade` de milhares.
Harari defende ainda que essa globalização que vivemos, esse mundo cada vez mais conectado e online, esta criando pessoas cada vez mais solitárias, e esse problema tem muitas ligações com as rupturas politicas e sociais que podemos observar nos dias de hoje.
Todos esses efeitos vão contra a promessa humanista dada por Zuckerberg e caso a empresa realmente esteja preocupada com o fortalecimento das comunidades e de um mundo mais humano e estável, o Facebook terá de deixar para trás todo um modelo já estabelecido de serviço, essas promessas vão muito contra a visão capitalista e financeira de empresas internacionais como e o caso do Facebook.
Porem Harari alivia com Mark em seu texto, defendendo que só por ter cogitado essas promessas mais humanas já é digno de elogio, afinal um homem que muito jovem ficou bilionário e logo foi incluído nesse mundo do Vale do Silício onde o dinheiro é o maior chefe, já é alguma coisa. Ou será que não ?
Mais tarde no texto, Harari volta novamente a falar do efeito desses sistemas em relação aos nossos corpos. Com celulares smartphones ditando nossa atenção durante o dia, estamos ficando cada vez mais distantes do nosso próprio corpo. Antigamente, os povos não podiam se dar a esse luxo, estavam 24h conectados com seus sentidos, prestando atenção nos cheiros e gostos, nos sons e nas coisas que estavam a sua frente. Fazia parte da sobrevivência do ser humano estar atento e alerta. Hoje vivemos com a extensão do celular que nos distrai das nossas percepções e sentidos que estão a nossa volta. Sentimos menos gostos, menos cheiros, menos prazer, uma vez que compartilhamos mais os momentos do que vivemos ele. Essa desconexão com o corpo cria pessoas alienadas e desorientadas. Hoje temos um quadro quase que unanime de ansiedade e problemas mentais em jovens que nasceram já introduzidos a essas tecnologias.
Com isso podemos concluir que apesar das promessas de Mark Zuckerberg serem de boas intenções, o modelo de sua rede social esta longe de cumprir com os requisitos. A tecnologia avança a cada dia e se não mudarmos a relação que temos com ela criaremos uma geração de pessoas doentes. Para que conquistemos essa união e revalorização de comunidades temos que ir para o ambiente off-line. As redes sociais devem mudar seu formato para fomentarem e instigarem essa interação humano com humano.
O texto de Harari é muito bom para entendermos melhor o avanço das tecnologias e como elas podem e vão continuar afetando a nos e a sociedade em que vivemos. Na minha opinião, os novos designers vão ter uma responsabilidade grande em conseguir mediar essa interação. Ate aonde a tecnologia vai nos influenciar, como ela vai nos influenciar, como será nossa relação com essa tecnologia e quem ira se beneficiar dessa relação, são algumas das muitas preocupações que o designer vai ter na introdução de novas tecnologias. Hoje temos cada vez mais o intrometimento de Inteligências Artificias ditando e filtrando o que vemos e o que nos interessamos, cabe ao designer humanizar essas tecnologias, não para ficarem iguais aos humanos mas para expandirem os limites e os sentidos, sem substituir nossas intuições e sentimentos.
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